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sábado, 27 de dezembro de 2014

a culpa

Acabei de assistir ao "Precisamos falar sobre o Kevin". ~~~ Que vibe! ~~

Se fosse há um tempo atrás, eu diria: "wow! Que coisa louca... coisa de americano mesmo."
Mas há pouco tempo aconteceu aqui no Brasil... no Rio... em Deodoro. Pertinho de onde eu morava, Pra mim quer dizer que essas coisas independem (um pouco) de cultura, geografia e sociedade. Ou que esse vírus da depressão, da psicopatia infantil veio via internet, tv e coisa e tal. E agora, não adianta achar que está longe e que é problema deles. É tudo um problema só.

Mas se tem uma coisa que eu aprendi na sabedoria de orkut é que tudo tem um porquê.

O omelete falou mal do filme, e embora a falta de continuação das cenas de 10s do começo tenham me irritado um pouco, eu não entendi por que. Sinto que foi a adaptação cult de um livro best-Seller tenha irritado os críticos pseudo-cults. Mas eles falaram que a cena em que o menino come aquela fruta que parece um olho é de mau gosto. Há, achei engraçado isso. O que seria de mau gosto? Fiquei chocadíssima, claro, mas achei intrigante de qualquer jeito.

Enfim, o que mais me chama atenção (sem contar com aquela cena do olho da menina - huuunf pressão caindo) é a culpa. A culpa tá sempre por aí, o tempo todo, depois que passa todo mundo só quer saber dela! Culpa por isso, por causa daquilo, de quem é?

Eu que sempre olho de fora, acho curiosíssimo essa coisa das pessoas estarem preocupados de quem é a culpa de tudo. Até na peça do Miguel Falabella vão investigar se tem culpados do acidente com o cabo que despencou com os atores. Não sei em que mundo eu vivo, mas isso me irrita um pouco.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Pequena obsessão

2. Sobrancelhas. Um romance protagonizado por um cara que tinha sobrancelhas muito bonitas, tão bonitas que ele era rico, amado e bem sucedido só graças a elas. Além de serem sedosas e brilhantes, eram perfeitamente simétricas e idênticas: as duas sobrancelhas tinham o mesmo número de pelos. Mas um dia começavam a surgir nele sobrancelhas dissidentes.  Sim, nasciam sobrancelhas fora do espaço designado na espécie humana para estas questões, que é em cima dos olhos. A princípio saíam um pouco mais à direita, um pouco mais à esquerda, na testa ou nas pálpebras, mas não era uma ou duas, eram muitas muitíssimas sobrancelhas. Infelizmente o protagonista era um cara muito convencional que não gostava da licantropia, dos circos nem dos portugueses. Daí a grande decisão dele era comprar umas pincinhas. Passava o dia inteiro extirpando as dissidentes. Era uma atividade que exigia as 24 horas do dia: perdia o trabalho, os amigos, as namoradas, o cachorro morria de fome, abandonado. Porém, o grave, o verdadeiro nó do relato, chegava quando um dia começavam a surgir sobrancelhas na barba. O protagonista se paralisava diante do dilema, porque duvidava entre usar as pincinhas ou a navalha de barbear de sempre. No romance não sabíamos por que, mas de repente esta dúvida derivava num discurso metafísico no qual eram feitas releituras da Bíblia, da Torá, do Corão e do Popol Vuh. Mil e quinhentas páginas com quatro mil notas ao pé, onze prólogos e sete epílogos. O final ficaria aberto, sem desenlace aparente: “Olhou seu reflexo no espelho, segurando fortemente a navalha na mão direita. Enxergou esse rosto que há dias olhava sem olhar, repleto de marquinhas vermelhas. Falou assim: Sou eu, sou eu. E ele entendeu, por fim, o que haveria de fazer”. Os leitores poderiam interpretar que o protagonista iria se suicidar, especialmente os fanáticos da literatura russa do século XIX. Ou que o livro culminava com uma epifania peluda que o autor, de maneira truculenta, não revelava ao leitor. (Os sete epílogos, surpreendentemente, falariam de técnicas para evitar a caspa em cachorros.)


texto de Juan Pablo Villalobos para o blog da companhia das letras, com o título de "Romances que eu realmente não vou escrever". vocês não sabem como isso me fascinou.

http://www.blogdacompanhia.com.br/2012/06/romances-que-eu-realmente-nao-vou-escrever-i/

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Um que eu amo muito e outro que acho foda 2

Continuando no mesmo tema, outro dia foi aniversário da minha mãe <3 e passou na tv.... Trabalho sujo, ou Sunshine Cleaning, um filme que amo muito muito muito. Quando vi que tava passando, comentei que gostava, e minha mãe se interessou por ele, pareceu gostar. Vocês não conhecem a minha mãe, mas isso foi uma coisa incrível, adorável; achei o milagre do aniversário. Ou um sinal divino. Ou um vocês vão entender por que.

E aí eu fico pensando porque eu gosto tanto desse filme. Hummm... oh why? why? well, i don't know. Por que tem duas das atrizes mais legais da atualidade? Maybe. Por que a Emily Blunt é incrível? Também. Na verdade, as personagens são incríveis. A história é sobre uma família problemática. Amy, a irmã mais velha, tem uns 30 anos e ganha a vida como diarista. Ela era uma cheerleader no colégio, e claro, uma adolescente linda, perfeita, que todas querem ser, mas agora é uma mãe solteira, amante do cara com quem namorava. Emily é a irmã mais nova, meio junkie; também não tem uma vida muito boa e parece que necessita sempre ser cuidada pela irmã mais velha. Elas tem problemas financeiros até que descobrem que podem ganhar um bom dinheiro limpando cenas do crime. Não sei vocês, mas eu acho esse emprego MUITO LEGAL. Óbvio que eu me desintegraria só de entrar num local assim, com resto de pessoas assassinadas, mas com elas duas fazendo fica simplesmente incrível. Eu as vejo como minhas heroínas vencendo tudo o que eu nunca serei capaz de vencer (bactérias malignas). Acho demais.

Cada personagem tem a sua importancia e uma história peculiar e legal. Esse filme conta uma história simples, nada está fora da realidade, embora nada seja comum. É bem dramático, mas super bonito e bem humorado. A mãe delas morreu, se matou. Isso obviamente as deixou muito sensíveis, assim como o pai, que criou duas meninas sozinho e até hoje tem dificuldade em conduzir essa família. E essa trama dá origem a lindas cenas como a de Emily em baixo do trem (ahn.. não é isso que você está pensando!) e a linda forma delas se comunicarem com quem já morreu. Enfim, só assistindo pra entender. Só estou tentando pontuar a riqueza do filme, mas acho que quero mesmo chamar atenção para as duas personagens centrais, que são mulheres fortes, interessantes e inspiradoras. A vida nem sempre nos torna criaturas bem-sucedidas, perfeitas, maravilhosas e exemplares, o que é sempre nosso sonho, mas isso não quer dizer nada. NADAAAA. A gente pode viver bem e ser foda mesmo assim! =)





Resumindo, esse filme eu amei, mas nessa semana vi outro que acho FODA. Chama-se L'apollonide - Os amores da casa de tolerância, e conta a história de um bordel parisiense no final do século XIX. Quando vi o filme fiquei muito perturbada, porque ele tem cenas fortes. Na verdade não é forte, afinal não tem nenhuma cena pesada em si, nem com sexo ou coisa do tipo. Só é um filme chocante. Mas no dia seguinte, eu estava sentindo algo estranho, falta de alguma coisa, quando percebi que... era do L'apollonide! É isso mesmo, olha que mágico!... O filme é relativamente longo, acho que quase 3, e não acontece muita coisa, só a vida, as noites, os amantes e as prostitutas, então no final das contas eu me senti parte da vida delas, como se tivesse passado um bom tempo com elas (e de fato passei). E elas são legais! Quando pensamos em prostitutas, pensamos em mulheres sensuais, fatais, atraentes, que amam sexo, etc. Mas, no filme, elas são apenas mulheres trabalhando, profissionais, que fazem o que é preciso. E quando se fala em prostitutas, pode-se falar em mulheres livres, que bebem, fumam, falam besteira e não precisam manter uma imagem, reputação, etc. Ahh, isso é tão legal... - Imagina que louco, ser livre...

Os homens vão lá por vários motivos: amam prostitutas, gastam o dinheiro da família, querem sexo, tem uma tara especial... o romance nem sempre está presente nesse mundo. É sério, elas tratam tudo com uma racionalidade incrível. E a minha parte preferida... Um dos clientes fica fazendo cafuné na cabeça das meninas e aí comenta como as cabeças são pequenas. Ele diz que leu um artigo científico que explica como as cabeças das prostitutas são menores e diz que vai emprestar esse artigo pra uma delas ler. E aí está uma das cenas mais lindas que já vi neste e em todos os outros filmes: a prostituta senta no chão e começa a ler o artigo, e chora tanto, mas tanto! Ela lê que a formação de seus crânios é diferente tal qual a de bandidos e ladrões, e o cérebro é afetado por isso e os leva àquela vida. Nessa hora, a tela é dividida em várias cenas delas, e a mulher que lê ocupa um dos quadros... Ela chora tanto, tanto (esse é um dos únicos momentos que alguma delas fica triste, chora, demonstra fraqueza), e a imagem, a música é tudo tão melancólico que eu me senti naquele lugar, naquela época e sofrendo como ela. Imagina você ser sozinha no mundo, estar presa numa parte da sociedade considerada inferior e ler um artigo, um ESTUDO, sobre como você é fisicamente anormal e destinado àquela vida? Oh god... isso é muito forte. O estudo, claro, é falso.
O filme mostra o fim da era dos bordéis, que eram legalizados, para a clandestinidade das prostitutas.
Era um bordel de luxo, bitches!
 
Minha favorita.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Um que eu amo muito e outro que acho foda

Esses tempos estão muito feministas.
Bem quando me acontece uma coisa que me fez pensar.

Eu estava no ônibus, sentada na janela, lendo meu livro, quando ele para num ponto e eu percebo que um cara do lado de fora está me olhando, bem de perto. Óbvio que não desvio meu olhar do livro para um desconhecido me encarando, até que ele apoia a mão na janela. Isso, claro, me obrigada a olhar pra ele, por reflexo, já que não é nada comum alguém parar e se apoiar num ônibus que vai sair em segundos. Eu volto pro meu livro, e quando o ônibus dá a partida, o cara continua com a mão no vidro da janela e vai arrastando ela até não dar mais. Isso me deu um ódio!! Por coincidência, eu estava lendo Dead until dark bem na hora em que a Sookie conta que foi abusada por um tio quando era criança. Incrível, né? E isso me deixou puta de uma tal maneira, que eu me senti abusada. Porque, arghhh, quem o cara pensa que é pra invadir meu espaço desse jeito? Mesmo que eu tenha ignorado, ele se achou no direito de se fazer notado, porque não, quando você faz uma gracinha pra uma mulher, ela você não pode ser ignorado e sair como o babaca da história; ela tem que ver, ficar constrangida e aí, missão cumprida. Você é o machão! 

Aí eu percebi que as mulheres são tão inferiores, que homens assim se acham no direito de mexer, intervir, invadir o espaço. Obviamente ele não estava interessado em mim, em conseguir meu nº de telefone ou coisa do tipo, ele só queria reafirmar sua superioridade masculina e sexual. "É natural eu mexer com você porque sou homem."/"Obrigatoriamente te vejo como um objeto sexual porque você é mulher."

E aí eu percebi que invasões como o estupro, a violência e o desrespeito são só a ponta do iceberg. Se um idiota se acha no direito de falar uma gracinha pra uma mulher, por que motivos um idiota ainda maior não se acha no direito de transar, bater, trair, mandar, humilhar etc.

GENTE, EU TENHO O DIREITO DE NÃO OUVIR GRACINHA DE UM DESCONHECIDO QUANDO PASSO NA RUA!!!! Vocês percebem o quão selvagem isso é, mesmo que tenha caído na trivialidade?

Muita coisa tem que mudar ainda. Antes de sair por aí dizendo que não se deve fazer isso ou aquilo, todos devemos pensar lá lá lá láááá no fundo, no fundo pra ver se os valores também estão todos certinhos. Porque se você acha, no fundo, no fundo, que é mais certo um homem sair com várias mulheres do que o contrário, não adianta nada.

Mas, cá pra nós, eu queria muito muito muito falar ISSO, mas também sobre outra coisa que tem a ver, mas não muito. Não, na verdade tem TUDO A VER, SIM; mas a aborgadem é muito diferente - mais artístca! HAHA Então leia o próximo post. (não quero que esse fique muito grande e vocês me achem chata.) - Ah, e aí vocês vão entender o título do post ;)

domingo, 13 de maio de 2012

E estamos conversados.

Oi, gente. Tudo bem com vocês aí?
Comigo está tudo ótimo.
Hoje tive que vir ao meu best friend que não vejo todo dia.

Sabe, eu amo pessoas, seres humanos. Amo conversar com alguém, fazer alguém se sentir bem, conhecer melhor, saber como funciona a vida, a cabeça de uma pessoa etc. Porém eu não amo tanto alguém o bastante para aturar seu egocentrismo. Quando a conversa passa de curiosidade sobre sua vida para um monólogo sobre todas as coisas excepcionais que acontecem com você, e só com você, eu quero me matar ou te matar, não sei; quando você só sabe criticar, corrigir ou diminuir tudo o que eu falo, eu só quero parar e nunca mais voltar a conversar com você; quando você só tem comentários chatos, eu só quero rir da sua cara; e quando você não perde a oportunidade de fazer uma coisa que te deixa bem, mesmo que isso machuque alguém, eu fico muito muito muito triste.

O egocentrismo é o problema do mundo. E a gente não tem como acabar com ele porque "eles" são egocêñtricos demais para perceber que fazem isso.
Sempre acreditei que ser boazinha era uma maravilha, porque você faria amigos, muita gente ia gostar de você e nada ia te incomodar. Mas quando você disser "aaaahnnn, que legal" para o primeiro elogio que "eles" fizerem sobre si mesmos, eles vão te descobrir e serão a sua ruína.
E depois de acharem que são tão importantes a ponto de você obviamente querer ouvir sobre suas vidas, suas opiniões incontestáveis e suas sinceridades que ninguém perguntou, eles virarão as costas e sairão por aí falando sobre como você é "boazinha demais" e, por isso, obviamente, falsa demais, etc demais.

Arree... como vocês aguentam isso?

Se esse for o preço, eu não quero mais ser gentil. Eu só quero que vocês saiam de perto de mim porque não sou besta, babaca - não pra vocês -, e porque vocês são chatos. De agora em diante, eu só quero ouvir o que eu perguntar ou nem isso. Eu agora só escuto rádio, vitrola, gravador.

E se você for que nem eu, comece a falar palavrão, xingue eles e os tire de perto de você. NÓS PODEMOS.


Sejamos egocentricos!!! E não porque achamos de alguma forma o que vocês fazem legal, mas sim pra salvar o mundo!

E eu só não falo mais sobre meu ÓDIO por vocês, porque nesse mundo existe GENTE DE BEM, que fala por mim! haha!

ARNALDO FUCKING ANTUNES
Eu não acho mais graça nenhuma nesse ruído constanteque fazem as falas das pessoas falando, cochichando e reclamando, porque eles querem mesmo é reclamar,Como uma risada na minha orelha, ou como uma abelha, ou qualquer outra coisa pentelha,sobre as vidas alheias ou como elas são feias,ou como estão cheias de tanto esconderem segredosque todo mundo já sabe, ou se não sabe desconfia.Eu não vou mais ficar ouvindo distraído eles falarem deles e do que eles fariam se fosse com eles,e do que eles não fazem de jeito nenhum, como se interessasse a qualquer um.Eles são as pessoas, todas, todas as pessoas, fora os mudos.Se eles querem falar de mim, de nós, de nós dois,falem longe da minha janela por favor, se for para falar do meu amor.Eu agora só escuto rádio, vitrola, gravador.Campainha, telefone, secretária eletrônica eu não ouço nunca mais, pelo menos por enquanto.Quem quiser papo comigo tem que calar a boca enquanto eu fecho o bico.E estamos conversados.



(retirado do Vagalume, embora eu pudesse digitar cada sílaba com o ódio movendo meus dedos pelo teclado! muahauauhuhaahu)

sábado, 21 de abril de 2012

E quando o fim chegar, se debulhe em lágrimas.

Livro lindo. Lindo. Lindo. Lindo. (...)
E tudo o que eu quero fazer é chorar, chorar, chorar.
Ai, meu deuuuuus, por que esse ele me disse essas coisas todas?
Ah, os amantes... tão estúpidos dizendo "te amarei para sempre".
Não, ninguém aqui amara para sempre, aaaaaaaaaaaaah, tratem de enxergar.
Todos vamos morrer e, conosco, nosso amor. Isso é lindo? Não sei. É triste? É. E como pode um final não ser feliz? Não faz sentido. Mas é.
E quando isso acontecer, as lágrimas vão te ajudar a lembrar o que foi bom.
Mas não precisa se preocupar porque o amor não vai acabar - não antes de você.
Como disse Daniel Johns (e eu sabia que um dia iria entender): "things that end never truly begin" - mesmo se isso estiver fora de contexto.
Só vai existir um amor, que não vai acabar... há, olha aí de novo, vai acabar!! Aí é que está.
Não ame pra sempre, ame pra agora. E, como o livro, quando acabar, chore :(((((((








quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Títulos legais

Uolá!
Quanto tempo sem postar aqui. Mas não é por falta de gosto, de vontade, ou de ter o que falar (talvez)... mas sim por preguiça!
Tenho lido alguns livros muito bons e sido muito feliz, minha gente!
E estou preparando um post muito legal (só pra animar vocês).

Então, tem coisa mais útil do que um blog para falar sobre um livro bacana que ninguém conhece?
Como o último post disse, o melhor livro que li ano passado foi logo o primeiro. E parece que essa "maldição" tende a se repetir over and over and over again (imaginem a voz fofa da Zooey Deschanel falando essa parte em inglês).

Comecei o ano lendo um livro muuuuuuuuuuuito bacana. Mas tão bacana que eu não sei como dizer. Mentira, sei sim: pelo título.




Acabo de provar pra vocês que esse título é muito bom, né? Não preciso dizer mais nada, esse longo título já diz muito.
Ele é de uma editora que eu nunca ouvi falar: Relume Dumara. Mas dentro do livro descobri que pertence à Ediouro Publicações. Nunca vi resenha, publicidade e nada sobre! Descobri de forma angelical, predestinada, numa queima de estoque da Saraiva Online; o livro estava por R$ 9,90. 

Muitas coisas influenciam a decisão de comprar um livro. O autor, a capa, pros mais mão-de-vaca o preço... e o título! Em tempos de nome-de-livros-com-uma-palavra-só, foi essa coisa de "O Escritos partido em dois não sei o que", que até hoje eu não consegui decorar, que me fez comprar o livro na mesma hora.
Primeiro porque ele é muito criativo, segundo porque é a história de um editor, terceiro porque tem "robôs" no meio. (Querem me conquistar? Aprenderam as três palavras-chaves, hein?)

Isso pra mim é uma mensagem. Escritores: sejam criativos! Pensem, deem significado pra porra toda que vocês escreverem. Não se deve escrever um "-Olá" sem motivo. E isso não serve só pra escritores, mas para qualquer um de nós. Se quando fossemos salvar uma foto no computador, criar uma pasta ou legendar uma foto no Facebook, fossemos mais criativos do que "Marcela.1"/"Informações1"/"Eu", o mundo seria um lugar bem mais inteligente.

E serve também para músicos como a Adele que colocam o nome do disco com a sua idade. Hehehe... ok, isso foi uma crítica gratuíta. Estou brincando, não conheço Adele, imagino que o nome do disco seja uma forma de dizer "faço muito sucesso e ganho muito dinheiro mesmo tendo a mesma idade que você". É claro que eu poderia ter criticado She & Him, que titula seus álbuns como "Volume One" e "Volume Two", mas tomem tenência, quando em sã consciência eu vou criticá-los?

Mas quanto a história, ela não deixa a desejar. É sobre um editor, Rámon, que se vê bem no meio do furacão de mudanças, digamos, muito significativas, do mercado editorial. A história se passa na Espanha, e a primeira coisa legal, do ponto de vista de uma aspirante a editora, é ver como é diferente a Editora em que Rámon trabalha. Ela é um grande grupo Empresarial que cuida de outras mídias como tv, música, etc... A parte editorial é, claro, o segmento mais fraco, e os responsáveis planejam tomar medidas extremas para transformá-lo no ponto forte do negócio. Essa pra mim é a genialidade do enredo, embora não do livro como um todo; a leitura é incrível - tanto quanto o título - por muitos outros motivos.

A Editora onde Rámon trabalha é uma das grandes que dominam o mercado e engolem as pequenas que tentam sobreviver. Mas o pobre editor é apenas um subordinado que vai sendo levado pelo ritmo louco da trama. Ele é convidado a participar de um Congresso, onde vai compreender (e a gente também) melhor o rumo desse mercado editorial, e apresentar seu autor aos novos meios de produção da Editora. Muito louco. Além de tudo, muito divertido de ler... o Congresso é o máximo. Mas aí, toda a confusão começa, e as loucuras só aumentam.

Rámon é a pessoa mais engraçada e carismática da Literatura. Prefiro não falar sobre sua peculiar personalidade, mas ela é muito bem desenvolvida e torna tudo muito legal. Eu não conheço esse autor, mas ele criou uma trama muito boa, crítica e ao mesmo tempo com muito humor. E além do clima ficção científica, tem um suspense policial também.

O livro é uma mistura de 1984, Poderoso Chefão, Superman e uma pitada de Douglas Adams (não tão engraçado, mas isso já quer dizer muito engraçado). É, nesse nível! E na minha opinião, a maior crítica é sobre a indústria cultural, que engloba a Literatura mesmo que não seja tão evidente quanto na indústria cinematográfica e musical. 

E a melhor forma de protestar foi nos dando boa leitura! Por isso, LEIAM!